Assim como em típicas lendas amazônicas, daquelas com histórias fantásticas contadas na beira do rio, a Amazônia sempre surpreende os viajantes que desembarcam naquelas terras distantes do Norte do Brasil.

Tem igarapés que confundem a mente com copas de árvores que se fundem no reflexo das águas; cachoeiras que caem sobre árvores centenárias; macacos que surgem do meio da floresta e invadem barcos simples com visitantes exaltados; botos que sempre aparecem quando chega um forasteiro novo; e tem até um cruzeiro literário que singra águas escuras que rasgam uma das maiores florestas do planeta.

E pode voltar quantas vezes for preciso, que nunca vai faltar atividade nova, em território amazônico.

Só para ter uma ideia de sua dimensão, esse bioma brasileiro ocupa não só o Amazonas (o destino que logo vem à cabeça quando o assunto é Amazônia) mas também o Pará, Amapá, Acre, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e e trechos do Maranhão
BELÉM OU MANAUS?

Ambas capitais têm acesso fácil à floresta amazônica, embora Belém, no Pará, pareça ter atrações com melhor estrutura para receber visitantes.

Quem chega a essas cidades com sede de floresta pode se decepcionar em um primeiro momento. Caos no trânsito, vias sujas e insegurança nas ruas ainda são problemas nas duas cidades.

Detalhe da Ponte Rio Negro, em Manaus (foto: Eduardo Vessoni)

Em Manaus, as poucas atrações são um convite para ficar poucos dias na capital do Amazonas. Por ali, a floresta amazônica fica do outro lado do rio Negro, a 10 km de distância.

Belém é, de longe, a versão melhor estruturada da Amazônia turística, onde os serviços funcionam e os preços não são abusivos (quem já pagou, e muito, por um buffet sofrível na hora do almoço, em Manaus, sabe do que estou falando).

Estação das Docas, uma das atrações mais visitadas da capital do Pará (foto: Eduardo Vessoni)

Gastronomia de autor que reúne regionalismo e cozinha internacional sem afetação; pequenos museus de acervo discreto e cenografia caprichada; rituais religiosos que conseguem unir todas as crenças; passeios fluviais sinceros que pouco se parecem às versões engana-turistas de outros destinos brasileiros da Amazônia, em que indígenas se fantasiam de índios para delírio da gringaiada; e uma floresta amazônica que fica bem ali na porta de casa.

Conclusão: Belém é a Amazônia melhor estruturada e que, muitas vezes, lembra grandes centros urbanos, quando o assunto são opções de turismo na região central. Já a caótica Manaus deve ser usada como ponto de partida para passeios floresta adentro.

OS CLÁSSICOS

Não tem como fugir. Quem visita a Amazônia pela primeira vez não pode deixa de conhecer os clássicos dessas duas cidades do Norte.

Centro econômico da região Norte, Manaus abriga construções erguidas durante o curto período do Ciclo da Borracha, como o Teatro Amazonas, cuja visita guiada a seu interior é uma experiência obrigatória; o Palacete Provincial, endereço de cinco museus; e o Palácio Rio Negro, construção em estilo eclético, erguida em 1903.

Como todo bom teatro clássico, o Teatro Amazonas, em Manaus, também é marcado por histórias de fantasmas, como a do pianista que morreu ali e, vez ou outra, volta para tocar alguma partitura(foto: Repórter do Futuro/Flickr-Creative Commons)

Entre as atrações naturais da cidade, a mais famosa é o Encontro das Águas, experiência que vale mais pelo fenômeno do que pela beleza cênica do local.

É no encontro dos rios Negro e Solimões que suas águas escuras e barrentas, respectivamente, correm paralelas sem se misturar, ao longo de mais de 6 km. Isso se deve às diferenças de temperatura e densidade daquelas águas.

A visita a bordo de barcos costuma ser combinada com navegações em igarapés e os passeios podem ser adquiridos em agências de turismo de Manaus.

Em Belém, não deixe de visitar o centro histórico, o setor mais antigo da cidade.

Theatro da Paz, em Belém, capital do Pará (foto: Eduardo Vessoni)

O Theatro da Paz, em Belém, também merece uma visita. O local foi inaugurado em 1878, cujo estilo neoclássico foi inspirado no Scalla, em Milão.

Outros clássicos são a Estação das Docas, um complexo de bares e restaurantes que funciona em antigos armazéns de ferro inglês, em uma área de 32 mil m², em pleno porto de Belém; e o Ver-o-Peso, mercado em funcionamento desde 1625. Tombado pelo IPHAN, o local possui boxes e barracas que comercializam carnes, em meio a estruturas de ferro, peixes frescos, além de ervas e frutas amazônicas.
PRAIAS DE RIO

Neste quesito, Manaus conta com melhor estrutura, com faixas de areia bem perto do centro da cidade.

Endereço preferido dos manauaras, em dias de maré baixa, as praias de rio são a melhor opção para quem quer fugir do calor sufocante da região.

Praia do Tupé (foto: Eduardo Vessoni)

A mais popular é a praia de Ponta Negra, complexo a 13 km do centro, equipado com quadras, bares e restaurantes. Outra opção é a Praia do Tupé, um banco de areia a 34 km de Manaus, em pleno rio Negro. Com acesso apenas por barco, essa é uma alternativa à lotada Ponta Negra.

Quem procura algo mais rústico, em Belém, conta com a Ilha de Cotijuba, a 45 minutos de barco e uma das poucas com praia, próximo à capital do Pará.

O destino, banhado pela Baía do Marajó, abriga faixas de areia ainda pouco exploradas, ao longo de seus 15 km de litoral.


Mais: http://viagemempauta.com.br/2016/11/10/1a-vez-na-amazonia-belem-ou-manaus/