Verdadeiras reservas de recursos naturais, com vastos biomas vegetais e animais, contendo vultosas massas de água doce e de resíduos da mata amazônica, as ilhas são o lar de grandes concentrações de pássaros e floras tropicais.

Esta edição do Liberal Mobiliza, do Grupo Liberal, com apoio da Guamá Tratamento de Resíduos, com sua missão de projeto com foco no meio ambiente, ouviu a arquiteta e urbanista, gerente de projetos do Laboratório da Cidade, Luna Bibas, sobre o trabalho em Belém para potencializar o valor dos recursos de uma cidade beneficiada pela natureza.

“Qual a primeira iniciativa que Belém deve tomar para minimizar o impacto ambiental? As estratégias são muitas, mas a primeira coisa que Belém deve fazer é olhar com carinho para as nossas ilhas’’, recomenda a arquiteta e professora universitária, Luna Bibas.

Créditos: Agência Belém

CINTURÃO VERDE

A RMB é formada pelos municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará e as ilhas são um cinturão verde que regula o microclima na cidade. Sobre iniciativas em Belém, Luna aponta políticas e atitudes consideradas clássicas quando se trata de proteger o que é urgente do ponto de vista da diversidade biológica, do que necessita de proteção.

“A gente vai desde a necessidade do investimento em transporte público e no transporte ativo, a bicicleta, para a diminuição da poluição atmosférica, reduzindo o uso de transporte particular, porque quanto mais carro na rua maior geração de resíduos, e também de estratégias para brecar a supressão de áreas verdes”, diz ela.

Créditos: Agência Belém

O Laboratório da Cidade, organização sem fins lucrativos, desenvolve ações com diversos parceiros para criar consciência, engajamento ativo e uma cultura coletiva que integre responsabilidades e atitudes práticas. Luna Bibas afirma, por exemplo, que há condomínios instalados em áreas verdes da capital, principalmente em áreas institucionais, e isso é um problema porque se elimina os espaços arborizados e se amplia a grande mancha cinza urbana, provocando impacto negativo no microclima local.

“Além disso, a gente deve investir em criação de jardins de drenagem e em educação ambiental, que deveria funcionar em todas as escolas, para a gente gerar um debate qualificado sobre o assunto, porque tem gente que acha que ter árvore na rua é sujeira para sua calçada, porque vai cair a folha e, simplesmente, isso vai sujar a sua calçada”.

ATIVISMO

A árvore, observa Luna, é um bem imenso ao microclima. “É um bem natural enorme e a gente não pode apenas sair cortando árvores. Sobre os resíduos, precisamos ter consciência sobre o nosso consumo, sobre a quantidade de coisas que consumimos, quanto mais a gente consome, mais lixo a gente tem para jogar fora”, diz a urbanista.

A arquiteta frisa que os sistemas de drenagem, esgoto e de abastecimento de água precisam funcionar em consonância. “É direito de todo mundo ter água, saneamento, casa para morar, está na nossa Constituição. E é direito de todo mundo também respirar um ar limpo”.

Luna Bibas cita como exemplos de ativismo com a limpeza da cidade e com os resíduos produzidos os projetos como Verde Cidadão; Canteiros Verdes-Cidade Viva; Ame; e os Amigos de Belém.

“Nós lutamos por cidades mais justas e democráticas, de apropriação coletiva, mais seguras e aprazíveis. As nossas iniciativas vão desde pequenas ações, como, por exemplo, intervenções físicas nos espaços, oficinas sobre canteiros, a importância de se ter espaços públicos, a  palestras com profissionais que trabalham com esse tipo de temática na cidade”, diz ela, que define a ação como educação cidadã, urbanismo tático, em parcerias com projetos que tenham a cidade como foco principal.

“As nossas iniciativas são sempre muito bem recebidas. No geral, as pessoas que participam gostam bastante e elas se interessam muito. As pessoas têm muito amor por Belém, têm uma afetividade muito grande pelos espaços”, conclui Luna, convocando a todos para o engajamento consciente em defesa dos espaços verdes.

 

Reportagem: oliberal.com