Não foi em vão que a Belém da Belle Époque se tornou a Belém dos quiosques, dos bondes, dos cafés cheios de intelectuais da época. Não foi à toa que a Belém da borracha, das praças, dos monumentos e palacetes, das largas avenidas arborizadas se tornou a Belém da modernização, a Belém do glamour. A cada dia que passava, a capital das mangueiras recebia mais pessoas interessadas em morar e investir nela, principalmente a elite social. Sua população, sua economia e até mesmo seu clima eram extremamente atrativos e adequados para o contexto histórico vivido na época. Por isso a cidade passou a ser considerada um pedaço da Europa dentro da Amazônia, mas pra onde iria o lixo produzido pela população?

Ao ser eleito intendente municipal, Antônio Lemos resolveu inserir a cidade na civilização e, adotou a Europa como modelo para tal meta. Mas por onde começar? Qual seria a primeira recomendação a ser feita? Preocupado com a saúde da população, Lemos encontrou a cidade coberta por montes de lixo e animais mortos, jogados de qualquer jeito, em qualquer lugar e a qualquer hora, então, em 1897 resolveu executar algumas ações para melhorar a saúde do povo: iniciou uma rede de esgotos, promoveu aperfeiçoamentos no calçamento e arborização das ruas, parques e avenidas, melhorou significativamente a qualidade da água que era distribuída à população e, para evitar riscos de epidemias, deu início ao forno crematório mais moderno da América Latina. O intendente sabia que deveria oferecer condições adequadas de receptividade para atrair novos investidores e, a essa altura, Belém já possuía uma área para a queimação do lixo, que ficava na atual Batista Campos, mas o local era muito próximo de onde a cidade estava se desenvolvendo, causando um grande incômodo no local que deveria ser como a Europa. Lemos resolveu que os resquícios de lixo deveriam ser levados para uma área distante e foi nesse contexto que, em 1901, foi construída a antiga Usina de Cremação de Lixo de Belém, cujo aparelho de incineração tinha potência para queimar cerca de 80 toneladas de lixo por dia. Foi levantada no final da Avenida 22 de Junho (atual Alcindo Cacela), que ainda era recentemente aberta e desabitada.

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A usina foi desativada em 1980 por não apresentar um bom estado de funcionamento para a cidade, mas ainda assim continua servindo de referência aos moradores do bairro e faz parte da Praça Dalcídio Jurandir, que foi integrada à usina em 2000, como uma reivindicação deliberada através do Orçamento Participativo, da Prefeitura Municipal de Belém.
Atualmente, o bairro da antiga usina possui uma grande concentração comercial devido o seu crescimento vertical. Uma curiosidade sobre o mesmo bairro é que além de possuir o primeiro forno crematório, também foi um dos primeiros bairros a ter calçadas no estilo europeu, com a utilização de pedras de lioz, como em Portugal. Sem dúvidas, Lemos foi o principal responsável no melhoramento da limpeza pública da cidade, além das outras diversas execuções administrativas feitas pelo mesmo. Essa, com certeza foi uma das principais heranças da Belle Époque, que sempre permanecerá na memória dos paraenses.

Fontes Bibliográficas: http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-394017-.html https://www.youtube.com/watch?v=7YBBAg2Sg5k http://fragmentosdebelem.tumblr.com/post/13298307386 http://belemhistorica.blogspot.com.br/2010/10/bairro-da-cremacao.html https://quedebelem.wordpress.com/bairros/cremacao/de-onde-veio/